segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Fundação do Conselho de Membros Vitalícios da Família Moy Jo Lei Ou: a história em movimento.

    Durante as considerações de encerramento da Reunião Preliminar de Fundação do Conselho de Membros Vitalícios da Família Moy Jo Lei Ou, si hing Thiago Silva parafraseou Si Tai Gung Moy Yat quando este disse que "tudo o que fazemos é história". 
   E eu não poderia discordar de ambos, evidentemente. Minha natureza de historiador não permitiria!
    O mais incrível e que fez despertar a ideia para este texto, é que, no início do século XX, ocorrera um movimento historiográfico, revolucionário para o campo dos estudos históricos, denominado Escola dos Annales (no original École des Annales), cujos principais historiadores argumentavam que desde as mais simples, até as mais complexas ações desenvolvidas pelo homem, é história. Em alguns casos ela é identificada por História Nova, onde este novo método de fazer história, debruça-se e apoia-se em todo o tipo de conhecimento já construído, não incorrendo no erro de negar o que foi aprendido, mas sim, utilizá-lo como potencial para novas práticas. 
     Estariam estes teóricos exercitando seu Kung Fu?


Foto da Primeira Reunião do CMV.


    Si Fu abordara temas importantes na reunião antes da fundação formal do Conselho, prevista para o próximo mês, por isso seu caráter preliminar. Dentre eles destaco a data de fundação do Conselho, por exemplo, onde ele ressaltou o simbolismo e o significado deste novo momento, mencionando que o próximo ano será regido pelo signo do Rato, do elemento metal, segundo o horóscopo chinês. O ano que está por vir aponta, justamente, para uma ruptura com o passado ao iniciar um novo momento. Coincidentemente ou não, quando inicialmente abordei que a Nova História está preocupada em entender todas as correntes historiográficas antecessoras, sem, no entanto, rejeitá-las, eu observo estas características em Si Fu, pois ele está sempre refinando um trabalho já realizado, ou como mencionado na reunião, um de seus próprios valores e que serão estendidos ao Conselho: a "intenção de aprimoramento constante", este sendo outro destaque da reunião.
    Acredito que fez sentido usar este jogo de assimilações na introdução para dar ênfase aos diversas temas que foram abordados por Si Fu na constituição deste momento tão único e histórico para nossa Família neste primeiro momento. Não à toa, "histórico" foi a qualidade ressaltada pelos participantes, como o próprio si hing Thiago Silva, quem, com o seu parafrasear, me deu o potencial para este texto.
    A qualidade da reunião, da disposição e das pessoas que estão envolvidas neste processo - direta ou indiretamente -, sem dúvidas, serão muito importantes para nortear o trabalho que há muito vem sendo desenvolvido, pois o Kung Fu se trata, também, de uma manifestação física.


SIGAMOS JUNTOS, FAZENDO A HISTÓRIA!


domingo, 28 de julho de 2019

"Tá faltando espírito"

   Durante os poucos anos que venho construindo meu Kung Fu através do Sistema Ving Tsun, já pude ouvir relatos de várias pessoas sobre o porquê delas terem buscado no caminho das artes marciais uma forma de se realizarem, ou suas impressões a respeito, e cada relato deixa de maneira evidente o quanto as pessoas são únicas.
   Nesta publicação, gostaria de falar sobre dois pontos que me tocam até hoje e que de alguma maneira acabam tirando de mim boas oportunidades de reflexão, servindo como verdadeiras epifanias dentro da prática do Ving Tsun. Além disso, considero relevante dizer que as ideias aqui abordas tratam-se de interpretações.




  1. "A frustração faz parte da jornada do artista marcial."
   Mesmo já tendo passado por algumas situações frustrantes, ainda carrego uma tendência a ficar "cabisbaixo" quando algo não sai da maneira como planejo, e isso não se aplica só ao Kung Fu. Suponho que, a frustração seja uma tentativa, um ímpeto em querer fazer as coisas darem muito certo, e não há nada de errado nisso. Só que, algo curioso e na direção oposta acontece: ao darmos uma atenção em demasiado para um único ponto, mesmo sem querer acabamos esquecendo de checar o andamento das coisas que estão caminhando em paralelo. E isso, muitas vezes sinto quando estou praticando o Chi Sau, por exemplo. Posso estar presente fisicamente na situação, mas a minha mente, em contrapartida, se perde num milésimo de segundo, e perder a linha central não é legal para um praticante de Ving Tsun.
   Mas, acredito que as coisas tenham que ser assim mesmo. Afinal, se tudo for sempre perfeito, ou "direitinho", o que poderia se tirar de situações como estas? Mas tão pouco deixarei a situação sempre "correr solto", imaginando que sempre vou poder recuperar de alguma forma lá na frente. 
  

Manhã de prática no mo gun. Os si hing Niklas Correa e André Guerra observam. Registro feito pelo si hing Guilherme de Farias.

   Foi após o momento da prática registrado acima que Si Fu, direcionado a mim disse "Tá faltando espírito". Por esta falta de espírito, naquele momento assimilei como a falta de uma intenção, quer fosse de avançar, ou de estar conectado com ele. Arriscaria dizer que faltava também uma consciência mais viva da minha parte.
 

     2. "Enxergar o potencial de cada situação e extrair algo dela."

    Acho que uma outra boa interpretação para o significado de Kung Fu seja saber como administrar uma situação e extrair dela o que puder. No meu caso, seria como lidar com a minha própria falta de espírito, ou falta de consciência. Mas, sabendo disso, qual deverá ser minha disponibilidade em mudar minha postura e não me deixar levar pelas circunstâncias?
  Não ficar "chutando pedrinhas", ou colocar-se numa postura apassivada podem ser atitudes importantes para uma mudança no modo de enxergar as coisas.
   Por fim, acho que é muito fácil dizer "não consigo", quando na verdade, como praticante de Ving Tsun, eu deveria buscar uma maneira de me ajustar à situação, que é o que nos é passado constantemente. Ou, como refinar minha postura a ponto de não fazer de mim meu próprio inimigo.
   Acho que, muito antes de entender que a frustração faz parte da vida e que é possível tirar lições dela, antes de mais nada, preciso me dedicar mais e melhor à pessoa que vai me orientar nesta jornada marcial...

Si Fu.

   

sábado, 13 de julho de 2019

Sobre fazer algo bem e mobilizar outras pessoas.


"O que quer que faça, faça bem feito. Faça tão bem feito que, 
quando as pessoas te virem fazendo, elas queiram voltar e ver você fazer de novo e 
queiram trazer outros para mostrar o quão bem você faz aquilo que faz."

- Walt Disney


  A frase acima é de autoria de um dos maiores criadores que já existiram.
  Apesar de não saber em que momento o autor a disse, ou pelo o que estava passando, ou a quem disse, foi como se conseguisse compreender seu pensamento. 
 Refletindo sobre a frase, sigo pensando a respeito daqueles que são nossas inspirações e se nossas atitudes permitem que nos tornemos inspirações a outras pessoas.


Registro Si-To tirado em algum momento de novembro de 2018.

   Já ouvi dizer que existe um problema em fotos, que elas congelariam um momento no tempo e espaço. Mas acredito que a grande sacada das fotos seja a de imortalizar certos feitos ou acontecimentos, fazer-nos relembrar sentimentos...
   Sobre a foto acima, lembro de estar mexendo com coisas de obra no Mo Gun e Si Fu sugeriu tirarmos a foto. Apesar de meus protestos de que estava "todo sujo" para uma foto, ele dissera que "se ele já não tivesse me dado um Nome-Kung Fu, este seria "Moy Todo Sujo" (risos).
  Neste período eu ainda tentava compreender e levar a frente as atividades do que Si Fu nomeara como "Coordenação de Ambiência Objetiva", que resumidamente, tratava-se de atividades que englobavam o zelo e a manutenção do Mo Gun.


Estudando a sequência do "Biu Ji" com os irmãos-Kung Fu Iuri Alvarenga e Bruno Brandão.

  Até o momento eu tenho abordado, sempre que possível, sobre meus entendimentos acerca do desenvolvimento do processo relacional. Esse momento não foi diferente.
  No entanto, seria muito fácil construir histórias em que tudo dá certo. Lembrar do dia em que almoçamos com Si Fu, das práticas, coisas tidas como boas, e esquecermos das broncas e puxões de orelha. Digo isso porque, a ponte estabelecida no início do projeto da Ambiência, já não era mais a mesma no término do ano de 2018, e fui me ausentando até afastar completamente.
  Fazendo uma reflexão, acredito que o fator principal para meu afastamento gradativo das atividades tenha sido minha inabilidade de não conseguir mobilizar outras pessoas a integrarem o projeto e levá-lo adiante.



Momentos antes do voo para São Paulo decolar - Março/2019.
  

   Pude ouvir recentemente de Si Fu que "o Kung Fu é uma manifestação física, antes de mais nada". E, neste caso em específico, mobilizar outras pessoas é fruto de um Kung Fu advindo de um longo processo de refinamento. Essa foto, para mim, é uma das muitas maneiras que o Kung Fu pode vir a se manifestar. Estive em lugares e com pessoas que apenas havia imaginado. Meu Eu dizia "melhor não ir", porém o artista marcial ainda em desenvolvimento dentro de mim disse "Vai!". E foi a este último que dei ouvidos.
  E tem sido um trabalho manter a mesma conexão estabelecida naquela viagem.
 Por fim, eu diria que a crença no processo relacional materializada por Si Fu torna compreensível a da frase de Walt Disney "fazer bem feito até que as pessoas voltem e tragam mais pessoas para vê-lo fazendo". Este fazer bem feito implicaria, eu suponho, na capacidade incrível de Si Fu de mobilizar outras pessoas a externalizar a sua própria natureza, pois é mais legítimo deixar a pessoa descobrir seu próprio caminho, e o Ving Tsun Kung Fu se encaixa bem nessa definição, acredito.




sábado, 6 de julho de 2019

Imagem do intangível

   "Nós medimos a grandeza de uma pessoa 
através da quantidade de coisas que ela consegue suportar."

Patriarca Moy Yat (1938 - 2001)


   O mês de junho possui um significado muito importante às famílias que compõem o Grande Clã Moy Yat, em virtude do natalício de nosso patriarca.
   Assim como eu e outros irmãos-Kung Fu, todo o contato que temos com nosso Si Taai Gung, bem como todos os meandros de sua vida, vêm dos relatos da vivência de Si Fu com o proeminente patriarca, até seu falecimento no ano de 2001.
   Algo que tenho compreendido aos poucos é que, não importa se sua memória é boa ou ruim para guardar histórias, a relação permitirá que elas permaneçam em nosso subconsciente, de forma latente, só esperando o momento certo para serem novamente relembradas, assim como o próprio Kung Fu: ele existe e sabemos, surgindo quando menos esperarmos.



   A foto acima foto é emblemática, podendo estar facilmente dentre os mais importantes registros feitos da carreira de Si Fu no Sistema Ving Tsun, momento o qual ele faz o Baai Si diretamente com seu Si Gung.
   Si Taai Gung Moy Yat foi um grande artista. Por que não dizer que ele continua sendo? Suas obras e contribuições em todas as áreas em que atuou, continuam a ser compartilhadas até hoje. Um homem de tamanha erudição não somente no campo das artes marciais, mas seu conhecimento também fazia-se presente pela inscultura sigilar (arte de insculpir selos), na pintura com seus Blush Strokes, tendo ainda estudado outras manifestações artísticas.




   Um de seus grandes legados, oriundos do convívio com seu próprio Si Fu, o Patriarca Ip Man, está impresso no que conhecemos por Sam Faat, termo presente em todas as escolas que desenvolvem a Denominação Moy Yat Ving Tsun, é o que conhecemos por VIDA KUNG FU. 
   A riqueza e a importância deste tipo de vida em favor do desenvolvimento do que acredito ser o Kung Fu, reside no fato de que, muito mais do que praticar técnicas até a exaustão, o bom Kung Fu, em tese, poderá ser acessado e compreendido através de atividades consideradas triviais, como um café da manhã, um almoço, mas que, muito mais do que uma conversa de amigos, será uma conversa com um propósito, o desenvolvimento do Sam Faat.
   Falar sobre Si Taai Gung Moy Yat é como rememorar um bisavô o qual o bisneto não teve oportunidade de conhecer, mas que se sente próximo ele por lembrar que ambos têm em comum a data do natalício: o dia 27 de junho.



   Quando pensei em um título para esta publicação quis que ficasse claro como entendo a figura de nosso Patriarca.
   Primeiramente havia pensado algo como "Imagem do Invisível", mas, eu estaria reduzindo sua representatividade a uma mera questão material, quando na verdade, seu legado faz-se presente constantemente, logo, seu legado não pode ser invisível. Até que cheguei à conclusão de que, seria mais coerente ele ser intangível. No entanto, no momento em que escrevia esta publicação, outros significados surgiram. 
   Tendo como referência bibliográfica uma das maiores obras que já pude ler com o tema Ving Tsun, a obra "O Livro de Pedra do Ving Tsun", de autoria do renomado Mestre Leonardo Mordente (11ª GVT), é dito que "associar Moy Yat ao Ving Tsun é significar Ving Tsun puro".
   E sobre este Ving Tsun puro, não é preciso ir muito longe para compreendê-lo. Acredito que trata-se de um Ving Tsun que, muito mais do que com a presença dos punhos, faz-se com a presença do coração.





sábado, 18 de maio de 2019

"O homem que acredita"

    Com a proposta dessa página, além de poder estar tendo acesso a registros fotográficos da história Si Fu através do Sistema Ving Tsun, tenho revisitado as minhas próprias fotos que, apesar de poucas, já fazem parte do meu acervo de momentos criados, sejam eles de momentos de práticas, ou de Vida-Kung Fu.
    Dado esse fato, tenho me questionado sobre as condições que conduziram-me a estes processos. Se a História é a ciência que estuda a atividade humana através dos tempos, esta página tem me levado a pensar sobre a minha própria atividade dentro do contexto marcial.

ACERVO DE FOTOS DOS DIRETORES DA MYVTMI - JAN/2004

   Como dito por mim em outra publicação, acho incrível como as coisas convergem a acontecimentos inesperados.
     Atualmente, eu estar praticando Ving Tsun, uma arte marcial chinesa milenar, cuja fundação é atribuída a uma mulher, existe uma força de crença muito forte nas relações que foram sendo construídas através das eras até que pudesse chegar tão próximo a mim, e de tantas outras pessoas, na mesma cidade que a minha!
     O título desta publicação é fruto de um momento em que Si Gung se referiu a Si Fu, e mais de uma vez, ao fato dele acreditar nas pessoas, quando estas não acreditariam nelas mesmas, a despeito de qualquer situação. Mais do que isso, o título faz alusão a uma das características de Si Fu que mais me chamam a atenção e que tenho tentado trabalhar comigo mesmo.

PRIMEIRO REGISTRO SI FU - TO DAI - JAN/2017.

     Essa é uma das minhas fotos preferidas do meu acervo de momentos proporcionados pelo Ving Tsun, por se tratar da minha primeira foto Si-To.
     Foi a partir desse momento que o espaço que eu havia deixado para o Si Fu, fora de fato ocupado por ele. Permiti que ele fosse e agisse como meu Si Fu, pois, até então, eu relutava em estar com ele por questão da distância. Acho que essa é uma outra mágica da construção da relação com o Si Fu, você se permitir entrar num processo de maturidade e passar a não deixar coisas banais como a falta de dinheiro, ou distância, interferirem na relação. E isso, atrevo-me a dizer, valerá para qualquer outra ocasião fora do contexto das artes marciais.
     Além disso, e o que me pegara de surpresa, foi a formalização do convite para iniciar o processo discipular com Si Fu. Foi uma surpresa, não só pelo fato de ter acessado o Biu Ji naquela manhã, mas estes acontecimentos estarem surgindo exatamente num momento da minha vida ligeiramente conturbado.
 
CERIMÔNIA DE DISCIPULADO - MAR/2018.
DA DIR. PARA ESQ.: MARIA ALICE, CLAYTON MEIRELES, EU E JOÃO OLIVEIRA. 


    Não existirá para mim, uma prova maior do que estou tentando explicar sobre a crença nas pessoas, sobre a crença nas relações.
     O Baai Si é o último nível (eu suponho) para a ratificação do que vai se construindo aos poucos na relação Si Fu-To Dai, a partir do momento em que ocorre o convite para o ingresso na família. 
Estando ali a frente, com outros irmãos kung fu em função do mesmo momento, só conseguia pensar na confiança, no consentimento e nos sentimentos surgidos pela realização de uma etapa tão importante. Ao sair do Mo Gun àquela noite, eu havia acabado de me tornar o 34º Discípulo de Mestre Senior Julio Camacho.
   Já ouvi algumas vezes que o Baai Si é uma aposta que o Si Fu faz na pessoa e na relação. Provavelmente em algum momento da relação, eu descubra o porquê desta "aposta". Ou talvez nem descubra. No entanto, isso não importa tanto.
   De fato, o mais importante é que o "homem que acredita", mais uma vez pos sua crença em alguém, e naquele momento era eu.
    

sábado, 11 de maio de 2019

História e Memória

            Enfim começo este novo projeto com a minha primeira publicação como o "biógrafo" da Família Moy Jo Lei Ou.
            No entanto, eu diria, que a missão de biógrafo nunca recaiu inteiramente sobre mim, de fato, uma vez que cada irmão e irmã Kung Fu têm suas parcelas de responsabilidade ao escreverem sobre a nossa família kung fu. Portanto, alterando minha frase original, eu diria que sou aquele quem centralizará as histórias da Família Moy Jo Lei Ou a fim de criar um acervo - um super acervo -, sobre uma história tão bonita e que toca os corações de cada um dos discípulos e To Dai de Mestre Julio Camacho de maneiras tão distintas.
            Agradeço ao Si Fu e à Si Mo por confiarem uma tarefa tão importante a um aprendiz de historiador (risos).

Sejam bem-vindos às HISTÓRIAS DA FAMÍLIA MOY JO LEI OU!


 Inauguração oficial do Núcleo Jacarepaguá.


         Utilizando o "ofício de historiador", termo utilizado pelo célebre historiador Marc Bloch, este blog trará uma dualidade importante: mais do que um local destinado às histórias da Família Kung Fu, ele mostrará diversas nuances da relação Si Fu-To Dai. Com um olhar mais intimista, junto ao Si Fu e dezenas de fotos que utilizaremos como nossas fontes primárias, registros importantes de tantos anos de sua atuação e dedicação ao Sistema Ving Tsun.
          Mais até do que a dualidade dita anteriormente, o projeto faz um resgate muito oportuno sobre momentos vividos por Si Fu, cujo efeito será a fundação da Família Moy Jo Lei Ou.
        A foto acima, por exemplo, justifica a proposta por si só. Ao olhar para ela vemos um dos momentos mais importantes na carreira do Si Fu, a inauguração do primeiro núcleo sob sua direta responsabilidade, muito antes de tornar-se Mestre. Eu poderia dizer que na foto vemos a "ideia embrionária" do que hoje conhecemos por Núcleo O2 - Barra da Tijuca!
         A legitimidade do processo retratado na foto pode ser explicada pela construção de um remoto processo relacional: de Yim Ving Tsun a Moy Yat, chegando em Leo Imamura e transmitido a Julio Camacho.
           Séculos de uma árvore genealógica com extensas ramificações!



A partir de um único elemento, Si Fu pode construir e contar todo o contexto do momento retratado.

          O mesmo tempo que eu tenho de família Kung Fu é o tempo que eu já pude ouvir dos meus si hing, diversas vezes, o quanto devemos investir na relação com Si Fu. Por exemplo, eu teria tomado medidas e me precavido melhor para decisões já tomadas. Após esses eventos, posso dizer tranquilamente que assim como o Ving Tsun, se na vida você não tiver responsabilidade ou maturidade para arcar com o próximo movimento, nossa única ação será aceitar o golpe que irá entrar por termos abrido mão de nossa sua linha central. Mas que bom que eu percebi isso a tempo de retomar minha relação com Si Fu.
       Hoje, eu posso sentar com ele ao menos uma vez na semana, conversarmos sobre estas mesmas dezenas de fotos de sua carreira, poder tornar cada vez mais sólida essa relação e ser capaz de enxergar os elementos que compõem uma foto como esta última.
        Quantas pessoas você vê acima? Um observador comum, digo, fora do contexto marcial, diria "três". Mas, e se usarmos um olhar próprio do Kung Fu? Depois de ouvir de Si Fu, a resposta ficou mais clara, evidentemente. Na foto temos seis pessoas que dão o tom de importância ao registro : 1- Si Tai Po Helen Moy, 2- Si Gung, 3- a bicicleta ergométrica na foto, o elemento que gerou uma das histórias mais emblemáticas sobre Si Tai Gung Moy Yat, 4- Si Suk Marcelo Abreu, 5- o próprio Si Tai Gung Moy Yat montado na bicicleta e por fim, não menos importante, o próprio Si Fu, que foi o responsável pelo belo registro.



Registro da primeira entrevista concedida por Si Fu ao blog numa manhã sensacional!


          A entrevista ocorrida na manhã da última quinta no mo gun, momento em que foi gerado o primeiro material destinado ao acervo, passou a ter um clima muito mais acolhedor quando Si Fu decidira compartilha-la com os demais irmãos Kung Fu.
          Com esse gesto, ele pode explicar e contar a todos como se deu a dinâmica entre Si Tai Gung Moy Yat e a famosa bicicleta ergométrica, relatada na foto anterior.
           Por fim, ressalto o quão oportuna vem a ser a participação neste projeto. No fundo eu sabia que, cedo ou tarde, eu seria um dos praticantes que viriam a contribuir para o desenvolvimento da minha Família Kung Fu, após ouvir tantas histórias de tantos outros si hing que deixaram suas marcas impressas nas Histórias da Família Moy Jo Lei Ou.
           Quanto às participações nas entrevistas, evidentemente que quanto mais pessoas puderem participar, abrilhantarão ainda mais o processo, tornando a experiência única e rica para todos!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Novo fôlego, novas ideias: o inicio de um novo projeto

Acho incrível como as coisas convergem para desenlaces inesperados. 
Após a virada do ano, logo nos primeiros meses de 2019, eu simplesmente deixei que fosse "apagada" toda a presença que havia construído em 2018 no Mo Gun. 
Fiz uma tentativa de retorno, quando, em março deste ano, junto a Si Fu e irmãos-kung fu, compomos a comitiva representativa em São Paulo por ocasião do aniversário de Si Gung. Passada esta valorosa experiência, acabei ficando pelo caminho novamente. 
Quando ficamos tão fechados em nosso mundo, deixando que os problemas acabem se tornando maiores do que nós, esquecemo-nos da existência de pessoas que não nos deixam ficar pelo caminho, porque estas buscam estar no lugar do outro e oferecer o que elas têm de mais legítimo, que é estar conectado, estar junto. Sobre estas pessoas, eu chamo de Família Kung Fu.
Foi graças a uma mensagem de Si Fu que mais uma vez vejo-me inserido neste universo grandioso e acolhedor, e sem demora, convidado a participar de um novo projeto.


Reunião com Si Fu e início do projeto "Histórias da Família Moy Jo Lei Ou"


Um dos períodos históricos mais fascinantes e complexos, para mim, é o "Feudalismo". Quando o estudamos, temos um contato maior com expressões como transição e ruptura, além de toda a desconstrução do período que é feita.
Na foto acima, eu diria que este momento é o meu período de transição, e que todos os outros pelos quais passei, foram apenas rupturas com antigos "Eu".
Sobre o novo projeto, ele convidou-me a escrever para os "Registros Orientados da Vida Kung Fu",  e para compor o projeto, serão utilizadas como fontes primárias, todo o material registrado a partir de fotos, cujas histórias serão contadas pelo próprio Si Fu, e por conseguinte, será gerado um acervo contendo estas mesmas histórias, vindo a compor o seu legado.



Reunião com si hing Thiago Pereira no Imperator.


E como minha primeira missão para dar prosseguimento ao projeto, foi sair em busca de parte do acervo fotográfico de Si Fu que estava com o si hing Thiago Pereira, meu irmão Kung Fu que tornou-se "guardião" destas fotos históricas (risos).



Café da manhã e pós evento do aniversário do Si Gung. SP, 17-03-2019


Assim como Si Fu, estou empolgado com este projeto, não só por sua dimensão, mas pelo o que ele vai representar, em aspectos da produção de material relativos à Família Moy Jo Lei Ou, além da oportunidade que vejo diante de mim de poder atuar em prol da minha Família Kung Fu, e isso me deixa muito satisfeito.
Dessa forma, convido-os a conhecer as Histórias da Família Moy Jo Lei Ou!