sábado, 18 de maio de 2019

"O homem que acredita"

    Com a proposta dessa página, além de poder estar tendo acesso a registros fotográficos da história Si Fu através do Sistema Ving Tsun, tenho revisitado as minhas próprias fotos que, apesar de poucas, já fazem parte do meu acervo de momentos criados, sejam eles de momentos de práticas, ou de Vida-Kung Fu.
    Dado esse fato, tenho me questionado sobre as condições que conduziram-me a estes processos. Se a História é a ciência que estuda a atividade humana através dos tempos, esta página tem me levado a pensar sobre a minha própria atividade dentro do contexto marcial.

ACERVO DE FOTOS DOS DIRETORES DA MYVTMI - JAN/2004

   Como dito por mim em outra publicação, acho incrível como as coisas convergem a acontecimentos inesperados.
     Atualmente, eu estar praticando Ving Tsun, uma arte marcial chinesa milenar, cuja fundação é atribuída a uma mulher, existe uma força de crença muito forte nas relações que foram sendo construídas através das eras até que pudesse chegar tão próximo a mim, e de tantas outras pessoas, na mesma cidade que a minha!
     O título desta publicação é fruto de um momento em que Si Gung se referiu a Si Fu, e mais de uma vez, ao fato dele acreditar nas pessoas, quando estas não acreditariam nelas mesmas, a despeito de qualquer situação. Mais do que isso, o título faz alusão a uma das características de Si Fu que mais me chamam a atenção e que tenho tentado trabalhar comigo mesmo.

PRIMEIRO REGISTRO SI FU - TO DAI - JAN/2017.

     Essa é uma das minhas fotos preferidas do meu acervo de momentos proporcionados pelo Ving Tsun, por se tratar da minha primeira foto Si-To.
     Foi a partir desse momento que o espaço que eu havia deixado para o Si Fu, fora de fato ocupado por ele. Permiti que ele fosse e agisse como meu Si Fu, pois, até então, eu relutava em estar com ele por questão da distância. Acho que essa é uma outra mágica da construção da relação com o Si Fu, você se permitir entrar num processo de maturidade e passar a não deixar coisas banais como a falta de dinheiro, ou distância, interferirem na relação. E isso, atrevo-me a dizer, valerá para qualquer outra ocasião fora do contexto das artes marciais.
     Além disso, e o que me pegara de surpresa, foi a formalização do convite para iniciar o processo discipular com Si Fu. Foi uma surpresa, não só pelo fato de ter acessado o Biu Ji naquela manhã, mas estes acontecimentos estarem surgindo exatamente num momento da minha vida ligeiramente conturbado.
 
CERIMÔNIA DE DISCIPULADO - MAR/2018.
DA DIR. PARA ESQ.: MARIA ALICE, CLAYTON MEIRELES, EU E JOÃO OLIVEIRA. 


    Não existirá para mim, uma prova maior do que estou tentando explicar sobre a crença nas pessoas, sobre a crença nas relações.
     O Baai Si é o último nível (eu suponho) para a ratificação do que vai se construindo aos poucos na relação Si Fu-To Dai, a partir do momento em que ocorre o convite para o ingresso na família. 
Estando ali a frente, com outros irmãos kung fu em função do mesmo momento, só conseguia pensar na confiança, no consentimento e nos sentimentos surgidos pela realização de uma etapa tão importante. Ao sair do Mo Gun àquela noite, eu havia acabado de me tornar o 34º Discípulo de Mestre Senior Julio Camacho.
   Já ouvi algumas vezes que o Baai Si é uma aposta que o Si Fu faz na pessoa e na relação. Provavelmente em algum momento da relação, eu descubra o porquê desta "aposta". Ou talvez nem descubra. No entanto, isso não importa tanto.
   De fato, o mais importante é que o "homem que acredita", mais uma vez pos sua crença em alguém, e naquele momento era eu.
    

sábado, 11 de maio de 2019

História e Memória

            Enfim começo este novo projeto com a minha primeira publicação como o "biógrafo" da Família Moy Jo Lei Ou.
            No entanto, eu diria, que a missão de biógrafo nunca recaiu inteiramente sobre mim, de fato, uma vez que cada irmão e irmã Kung Fu têm suas parcelas de responsabilidade ao escreverem sobre a nossa família kung fu. Portanto, alterando minha frase original, eu diria que sou aquele quem centralizará as histórias da Família Moy Jo Lei Ou a fim de criar um acervo - um super acervo -, sobre uma história tão bonita e que toca os corações de cada um dos discípulos e To Dai de Mestre Julio Camacho de maneiras tão distintas.
            Agradeço ao Si Fu e à Si Mo por confiarem uma tarefa tão importante a um aprendiz de historiador (risos).

Sejam bem-vindos às HISTÓRIAS DA FAMÍLIA MOY JO LEI OU!


 Inauguração oficial do Núcleo Jacarepaguá.


         Utilizando o "ofício de historiador", termo utilizado pelo célebre historiador Marc Bloch, este blog trará uma dualidade importante: mais do que um local destinado às histórias da Família Kung Fu, ele mostrará diversas nuances da relação Si Fu-To Dai. Com um olhar mais intimista, junto ao Si Fu e dezenas de fotos que utilizaremos como nossas fontes primárias, registros importantes de tantos anos de sua atuação e dedicação ao Sistema Ving Tsun.
          Mais até do que a dualidade dita anteriormente, o projeto faz um resgate muito oportuno sobre momentos vividos por Si Fu, cujo efeito será a fundação da Família Moy Jo Lei Ou.
        A foto acima, por exemplo, justifica a proposta por si só. Ao olhar para ela vemos um dos momentos mais importantes na carreira do Si Fu, a inauguração do primeiro núcleo sob sua direta responsabilidade, muito antes de tornar-se Mestre. Eu poderia dizer que na foto vemos a "ideia embrionária" do que hoje conhecemos por Núcleo O2 - Barra da Tijuca!
         A legitimidade do processo retratado na foto pode ser explicada pela construção de um remoto processo relacional: de Yim Ving Tsun a Moy Yat, chegando em Leo Imamura e transmitido a Julio Camacho.
           Séculos de uma árvore genealógica com extensas ramificações!



A partir de um único elemento, Si Fu pode construir e contar todo o contexto do momento retratado.

          O mesmo tempo que eu tenho de família Kung Fu é o tempo que eu já pude ouvir dos meus si hing, diversas vezes, o quanto devemos investir na relação com Si Fu. Por exemplo, eu teria tomado medidas e me precavido melhor para decisões já tomadas. Após esses eventos, posso dizer tranquilamente que assim como o Ving Tsun, se na vida você não tiver responsabilidade ou maturidade para arcar com o próximo movimento, nossa única ação será aceitar o golpe que irá entrar por termos abrido mão de nossa sua linha central. Mas que bom que eu percebi isso a tempo de retomar minha relação com Si Fu.
       Hoje, eu posso sentar com ele ao menos uma vez na semana, conversarmos sobre estas mesmas dezenas de fotos de sua carreira, poder tornar cada vez mais sólida essa relação e ser capaz de enxergar os elementos que compõem uma foto como esta última.
        Quantas pessoas você vê acima? Um observador comum, digo, fora do contexto marcial, diria "três". Mas, e se usarmos um olhar próprio do Kung Fu? Depois de ouvir de Si Fu, a resposta ficou mais clara, evidentemente. Na foto temos seis pessoas que dão o tom de importância ao registro : 1- Si Tai Po Helen Moy, 2- Si Gung, 3- a bicicleta ergométrica na foto, o elemento que gerou uma das histórias mais emblemáticas sobre Si Tai Gung Moy Yat, 4- Si Suk Marcelo Abreu, 5- o próprio Si Tai Gung Moy Yat montado na bicicleta e por fim, não menos importante, o próprio Si Fu, que foi o responsável pelo belo registro.



Registro da primeira entrevista concedida por Si Fu ao blog numa manhã sensacional!


          A entrevista ocorrida na manhã da última quinta no mo gun, momento em que foi gerado o primeiro material destinado ao acervo, passou a ter um clima muito mais acolhedor quando Si Fu decidira compartilha-la com os demais irmãos Kung Fu.
          Com esse gesto, ele pode explicar e contar a todos como se deu a dinâmica entre Si Tai Gung Moy Yat e a famosa bicicleta ergométrica, relatada na foto anterior.
           Por fim, ressalto o quão oportuna vem a ser a participação neste projeto. No fundo eu sabia que, cedo ou tarde, eu seria um dos praticantes que viriam a contribuir para o desenvolvimento da minha Família Kung Fu, após ouvir tantas histórias de tantos outros si hing que deixaram suas marcas impressas nas Histórias da Família Moy Jo Lei Ou.
           Quanto às participações nas entrevistas, evidentemente que quanto mais pessoas puderem participar, abrilhantarão ainda mais o processo, tornando a experiência única e rica para todos!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Novo fôlego, novas ideias: o inicio de um novo projeto

Acho incrível como as coisas convergem para desenlaces inesperados. 
Após a virada do ano, logo nos primeiros meses de 2019, eu simplesmente deixei que fosse "apagada" toda a presença que havia construído em 2018 no Mo Gun. 
Fiz uma tentativa de retorno, quando, em março deste ano, junto a Si Fu e irmãos-kung fu, compomos a comitiva representativa em São Paulo por ocasião do aniversário de Si Gung. Passada esta valorosa experiência, acabei ficando pelo caminho novamente. 
Quando ficamos tão fechados em nosso mundo, deixando que os problemas acabem se tornando maiores do que nós, esquecemo-nos da existência de pessoas que não nos deixam ficar pelo caminho, porque estas buscam estar no lugar do outro e oferecer o que elas têm de mais legítimo, que é estar conectado, estar junto. Sobre estas pessoas, eu chamo de Família Kung Fu.
Foi graças a uma mensagem de Si Fu que mais uma vez vejo-me inserido neste universo grandioso e acolhedor, e sem demora, convidado a participar de um novo projeto.


Reunião com Si Fu e início do projeto "Histórias da Família Moy Jo Lei Ou"


Um dos períodos históricos mais fascinantes e complexos, para mim, é o "Feudalismo". Quando o estudamos, temos um contato maior com expressões como transição e ruptura, além de toda a desconstrução do período que é feita.
Na foto acima, eu diria que este momento é o meu período de transição, e que todos os outros pelos quais passei, foram apenas rupturas com antigos "Eu".
Sobre o novo projeto, ele convidou-me a escrever para os "Registros Orientados da Vida Kung Fu",  e para compor o projeto, serão utilizadas como fontes primárias, todo o material registrado a partir de fotos, cujas histórias serão contadas pelo próprio Si Fu, e por conseguinte, será gerado um acervo contendo estas mesmas histórias, vindo a compor o seu legado.



Reunião com si hing Thiago Pereira no Imperator.


E como minha primeira missão para dar prosseguimento ao projeto, foi sair em busca de parte do acervo fotográfico de Si Fu que estava com o si hing Thiago Pereira, meu irmão Kung Fu que tornou-se "guardião" destas fotos históricas (risos).



Café da manhã e pós evento do aniversário do Si Gung. SP, 17-03-2019


Assim como Si Fu, estou empolgado com este projeto, não só por sua dimensão, mas pelo o que ele vai representar, em aspectos da produção de material relativos à Família Moy Jo Lei Ou, além da oportunidade que vejo diante de mim de poder atuar em prol da minha Família Kung Fu, e isso me deixa muito satisfeito.
Dessa forma, convido-os a conhecer as Histórias da Família Moy Jo Lei Ou!